Foto: Arquivo – Gazeta do Sul
O Governo do Estado afirma que o ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul na semana passada deixando 16 mortes, é o maior desastre natural relacionado a chuvas intensas das últimas quatro décadas. Os setores do Estado afirmam que desde 1980, não há registros de outro episódio que tenha acarretado tantas perdas humanas em razão de enxurradas. Apesar disso, a Metsul Meteorologia relembrou em seu site, uma tragédia ocorrida em Sobradinho (hoje área territorial de Passa Sete) e Candelária, e contestou a informação do governo. Os meteorologistas afirmam que as estiagens dos últimos anos foram desastres com muito maior prejuízo econômico que a atuação do ciclone.
Em abrangência e impactos, nenhum episódio supera a enchente de 1941 que deixou um terço de Porto Alegre sob as águas e inundou como jamais antes grande número de cidades do estado. Há ainda, dois desastres, com mais mortes por um evento extremo meteorológico que o ciclone da última semana. Em setembro de 1959, episódio extremo de chuva deixou 94 mortos nos municípios de Candelária e Passa Sete.
Era madrugada de domingo, dia 26 de setembro, quando após horas de chuva torrencial o nível do Rio Pardo subiu rapidamente e levou tudo o que havia em suas margens em uma região de relevo acidentado. A combinação de solo encharcado com chuva em excesso provocou uma das maiores tragédias da história gaúcha. Famílias inteiras que moravam perto do Rio Pardo e de seus pequenos afluentes, que também inundaram, acabaram morrendo.
Oficialmente foram 94 mortes, sendo 54 em Candelária e 40 no então território de Sobradinho. “No entanto, o número pode ser maior porque várias pessoas desapareceram e nunca mais foram vistas”. O número de flagelados chegou a 316. Os corpos eram encontrados no meio da lama, soterrados e presos em árvores. Crianças e idosos eram as principais vítimas. Fotos de jornal da época mostram voluntários percorrendo as margens a procura de cadáveres que depois eram enfileirados.
As localidades mais atingidas em Passa Sete, foram Serra Velha e Costa do Rio, e dali pra baixo as demais em Candelária. A família de Jovelino Carlos por exemplo, que era formada por 23 pessoas, restou apenas uma. Quanto a tragédia na costa, o naufrágio do Rio Apa é tido como o mais trágico acidente marítimo da costa gaúcha. A embarcação naufragou em 11 de junho de 1887. Construído na Escócia, o Rio Apa deixou o Rio de Janeiro com mais de 120 pessoas a bordo e encontrou uma violenta tempestade na costa gaúcha, com forte vento. Práticos de São José do Norte chegaram a avistá-lo e aguardavam que entrasse na barra da Lagoa dos Patos, o que nunca aconteceu. Todos os passageiros e tripulantes morreram no naufrágio.