A administradora do Hospital São João Evangelista – unidade de Sobradinho -, Tatiana Lisboa, e o interventor Edenir Buligon compareceram nessa segunda-feira (20) na Câmara de Vereadores, para prestar esclarecimentos, em resposta a uma convocação do Legislativo.
Durante a reunião, foi apresentado um panorama da instituição, incluindo informações financeiras e dados sobre atendimentos. Tatiana destacou que foi necessário realizar um trabalho de reorganização da equipe, incluindo a elaboração de escalas e a regularização de setores com novos equipamentos, além da designação de responsáveis técnicos. Essas ações foram fundamentais para garantir o alvará geral de funcionamento, respaldado por documentos que comprovam a regularidade do hospital.
A liberação do alvará sanitário permanente ocorreu na tarde dessa segunda-feira (20). Atualmente, a gestão mantém 46 funcionários, além de contar com 7 médicos que atuam por meio de uma empresa terceirizada. As despesas mensais do hospital somam cerca de R$ 300 mil, atendendo cerca de mil pacientes por mês.
Edenir Buligon, por sua vez, informou que ainda não há uma definição sobre a dissolução da Associação São Marcos, embora exista uma ação civil pública movida pelo Ministério Público. Ele mencionou que o CNPJ da Associação enfrenta mais de R$ 11 milhões em ações trabalhistas, o que tem dificultado as negociações com outros hospitais interessados em assumir a gestão da instituição. O interventor também explicou suas funções e responsabilidades assumidas após a interdição determinada pela Justiça, a qual afastou da gestão toda a diretoria da Associação Beneficente São Marcos.
Já o médico Lissauer Barbosa, sócio administrador da Casa de Saúde Dr. Adolpho Sebastiany, afirmou que até o momento não houve uma reunião para discutir a real situação do prédio, que está registrado em nome dos sócios. Segundo ele, não houve acordo para a rescisão do contrato com a direção da Associação São Marcos, que havia se responsabilizado pela compra do antigo hospital Sebatiany.
Apenas um pagamento de R$ 50 mil reais teria sido feito, conforme o contrato de pagamento mensal, e muitos desses pagamentos foram aquém do esperado, além de outros acordos não terem sido cumpridos. Lissauer Barbosa destacou que os sócios não estão recebendo nada pelo imóvel e que permanecem sem respostas claras sobre o futuro da situação após a intervenção.
O interventor Edenir Buligon esclareceu que a ação civil pública do Ministério Público deverá definir os próximos passos e, no momento, não há como destinar os recursos municipais para aluguel ou compra do prédio, devido à falta de uma previsão legal estipulada pela Justiça. Ele enfatizou que o objetivo é reativar o bloco cirúrgico com recursos já alocados pelo Estado para a compra de equipamentos, retomar as cirurgias eletivas e restabelecer a referência em partos em Sobradinho, reduzindo a dependência de serviços de Candelária ou Cachoeira do Sul. Edenir também planeja visitar prefeitos da região em busca de investimentos para implementar esses serviços novamente.
Conforme o coordenador Regional de Saúde, Júlio Lopes, o hospital estava funcionando com alvará precário, o que permitia o atendimento de forma emergencial, apenas para procedimentos simples. Com o Alvará Sanitário Permanente permite atividades internações mais prolongadas. Já a liberação do bloco cirúrgico ainda deverá levar mais tempo, uma vez que exige várias providências, como adequação de equipamentos e equipe de profissionais.
Júlio Lopes acredita que os R$ 149 mil reais liberados na semana passada seja o suficiente para as principais necessidades do bloco. Todos estes assuntos serão discutidos em nova reunião na tarde desta terça-feira (21), às 15 horas, em Porto Alegre, com a presença da secretária Estadual da Saúde, Arita Bergmann, os prefeitos e secretários da saúde de Sobradinho e Segredo e o coordenador Regional de Saúde.
O coordenador da 8ª CRS também adiantou que está nos planos a retomada da realização de partos no Hospital São João Evangelista, o que ainda depende de várias condições, como equipe adequada de pessoal. Uma das possibilidades para o futuro é habilitar o hospital de Sobradinho no Programa Avançar Saúde, do Governo do Estado, o que poderá destinar cerca de R$ 700 mil reais para a instituição.