Foto: Divulgação – Prefeitura de Agudo
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) publicaram um estudo no periódico científico Journal of Systematic Palaeontology descrevendo uma nova espécie de réptil que conviveu com os primeiros dinossauros. Embora o Rio Grande do Sul tenha ficado conhecido por abrigar alguns dos fósseis de dinossauros mais antigos do mundo, o estado também produz registros de diversos outros organismos que viveram junto com essas criaturas.
É o caso da nova descoberta feita no Município de Agudo pelo paleontólogo da UFSM, Rodrigo Temp Müller e um grupo de estudantes de pós-graduação também da UFSM. O fóssil escavado em junho deste ano em um sítio na Várzea do Agudo, com rochas que possuem cerca de 230 milhões de anos. Os elementos recuperados incluem uma perna completa, sendo que a configuração e as proporções dos dígitos do pé permitem classificá-la como pertencendo a um proterochampsídeo. Esse é um grupo primitivo de répteis que são encontrados apenas no Brasil e na Argentina.
Apesar de não haver um forte grau de parentesco com jacarés e crocodilos, a forma geral do corpo dos proterochampsídeos lembra muito a desses répteis, especialmente o focinho alongado. Por possuir uma série de características únicas, o exemplar foi reconhecido como uma nova espécie e recebeu o nome de Stenoscelida aurantiacus. O primeiro nome –Stenoscelida– vem do grego e significa perna delgada, já que o exemplar possui dimensões mais gráceis do membro posterior em relação aos seus parentes próximos. O segundo nome –aurantiacus– é derivado do latim e significa laranja, fazendo referência a coloração alaranjada dos leitos rochosos de onde o fóssil foi escavado.
Estima-se que o Stenoscelida aurantiacus teria cerca de 1,40 m de comprimento e fosse quadrúpede. Mesmo sem ter dentes preservados, com base no grau de parentesco com outros organismos, é possível concluir que o animal era carnívoro.