A operação policial desencadeada em Agudo nessa quarta-feira (22), desmantelou uma fábrica clandestina de cigarros e prendeu um grupo de paraguaios que trabalhavam no local em condições análogas à escravidão. A fábrica produzia mais de 3 milhões de cigarros por dia. Entre os detidos, um jovem relatou a trajetória desesperadora que o levou a essa situação, destacando as armadilhas enfrentadas por imigrantes em busca de melhores oportunidades. Segundo o relato, ele e os colegas chegaram ao Brasil há apenas uma semana, vindos de Cidade do Leste, no Paraguai.
A oferta de emprego foi divulgada pela internet, com a promessa de trabalho em uma ervateira. No entanto, ao desembarcarem, foram recebidos por pessoas desconhecidas que confiscaram seus documentos e celulares, deixando-os completamente vulneráveis. Os trabalhadores foram transportados em veículos com vidros escuros, sem saber para onde estavam sendo levados. Ao chegar ao destino, descobriram que seriam forçados a trabalhar na produção de cigarros em uma fábrica em péssimas condições de higiene e infraestrutura.
As jornadas de trabalho eram exaustivas, começando às 6h e muitas vezes ultrapassando 12 horas por dia. Além disso, os trabalhadores eram obrigados a limpar o local antes de iniciar as atividades, enfrentando um ambiente insalubre. O jovem descreveu a experiência como um “inferno” e afirmou nunca ter passado por algo semelhante. Agora, os detidos esperam recuperar seus documentos e estabelecer contato com suas famílias, enquanto aguardam o desdobramento das investigações. A operação expôs não apenas o esquema criminoso de produção de cigarros, mas também a exploração cruel de trabalhadores vulneráveis. (Fonte – Diário de Santa Maria)
